https://doi.org/10.37527/2023.73.S1
1Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio De Janeiro, Brasil, 2Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil.
Introdução: As plantas alimentícias não convencionais (PANC) são espécies de plantas pouco conhecidas e utilizadas na alimentação, ou partes comestíveis de plantas tradicionais não usualmente consumidas. A denominação de uma planta como PANC está ligada à cultura, regionalidade brasileira, e a alimentação das populações tradicionais. Existem 30.000 espécies de plantas comestíveis, no entanto existe hoje uma baixa diversidade de plantas na alimentação que repercute em dietas de baixo valor nutricional. Objetivo: Analisar a frequência do consumo de PANC de acordo com características sociodemográficas no Brasil. Método: Estudo transversal realizado a partir das informações obtidas no primeiro dia do recordatório de 24 horas da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2017-2018. A validação dupla para a identificação e classificação das PANC foi realizada no pacote Excel a partir das partes das plantas [raiz, caule (rizoma, bulbo ou tubérculo) ou pseudocaule; folha ou flor; fruto; ou grão e semente]. As frequências do consumo das PANC e os intervalos de confiança de 95% foram estimados de acordo com macrorregiões do Brasil, situação de domicílio, faixa etária, sexo, renda e escolaridade. Todas ases estimativas foram calculadas considerando os fatores de expansão e a complexidade da amostra. Resultados: As PANC citadas pelos indivíduos foram batata doce, inhame, banana pacova, feijão de corda, feijão verde, tucumã, fava, cará, jaca, fruta pão, andu, pupunha, castanha da índia, mastruz, caju, carambola, umbu e acerola. A frequência média do consumo de PANC na população foi de 9,3%, sendo que as maiores frequências ocorreram na região Nordeste rural (25,3%) e urbana (20,2%) quando comparadas com as demais regiões brasileiras. A frequência do consumo de PANC foi maior na área rural (16,6% versus 8,1%) quando comparado com a área urbana. As maiores frequências de consumo também foram verificadas entre os indivíduos de menor escolaridade (12,9%), renda per capita <0,5 salário-mínimo (12,8%), e na população idosa (11,5%). Conclusão: Os resultados demonstraram a baixa frequência do consumo de PANC na população e, notou-se que foi mais frequente na região Nordeste, na população rural e entre pessoas idosas e de baixo poder aquisitivo.
Palavras chave: consumo de alimentos, inquéritos sobre dietas, plantas alimentícias.