https://doi.org/10.37527/2023.73.S1
1Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, Brazil, 2Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brazil, 3Universidade de Porto, Porto, Portugal.
Introdução: Diante do avanço das tecnologias, a exposição de indivíduos ao conteúdo de publicidade de alimentos não saudáveis no meio digital têm aumentado, com potencial influência negativa sobre o consumo alimentar e perfil de saúde. Estimativas sugerem que 83,7% da população portuguesa é usuária de mídias sociais. Paralelamente, a dieta dos portugueses vem sofrendo transformações como a substituição de frutas e hortaliças por produtos ultraprocessados. Objetivos: Descrever o perfil nutricional dos produtos anunciados por empresas de alimentos e bebidas nas mídias sociais em Portugal. Métodos: Estudo exploratório contemplando 25% das postagens realizadas pelas empresas de fast-food (Burger King, Domino’s, KFC, McDonald’s, Pizza Hut, Starbucks, Subway e Taco Bell) e de bebidas não alcoólicas (Coca-Cola, Compal, Lipton, Monster, Nescafé, Nescafé Dolce Gusto, Pepsi, Redbull) com maior valor de mercado em Portugal entre junho 2018 e junho 2020 no Instagram e Twitter. A seleção das postagens se deu por sorteio aleatório estratificado. Nas postagens que continham alimentos, as informações nutricionais dos respectivos produtos foram extraídas do site oficial das marcas. Nos casos em que constava mais de um produto nas postagens, optou-se por escolher aquele com pior qualidade nutricional. A avaliação do perfil nutricional adotou os parâmetros estabelecidos pelo Despacho n. 7450-A/2019, que considera o conteúdo de valor energético, açúcar total e de adição, gordura saturada e trans e sal. Porém, diante da ausência de informação do conteúdo de gordura trans na rotulagem nutricional para a maioria dos produtos, não foi possível realizar a análise do perfil desse nutriente. Resultados: Das 878 postagens no Instagram, 75,85% continham alimentos, dos quais 87,12% excediam em pelo menos um nutriente crítico [64,09% em valor energético; 41,06% em açúcar total; 14,09% em açúcar em adição; 35,30% em gordura saturada; 33,48% sal]. Das 275 postagens no Twitter, 59,27% continham alimentos, dos quais 75,46% excediam em pelo menos um nutriente crítico [68,71% valor energético; 52,76% açúcar total; 41,10% açúcar de adição; 28,83% gordura saturada; 23,93% sal]. Conclusão: Em ambas as mídias sociais houve elevada frequência de publicidade de alimentos com perfil nutricional crítico. Esses resultados sugerem a importância de se avançar na restrição da publicidade de alimentos com inadequado perfil nutricional no país.
Palavras chave: alimentos ultraprocessados, ambiente alimentar digital, mídias sociais, publicidade; regulação