https://doi.org/10.37527/2023.73.S1
1Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brazil, 2Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil, 3Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil, 4Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil, 5Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
Contexto: O comércio informal de alimentos no entorno escolar representa uma oferta de alimentos aparentemente fora do alcance regulatório do poder público e pode mostrarse como obstáculo à promoção da alimentação saudável. Objetivo: Caracterizar o ambiente alimentar informal do entorno de escolas públicas e privadas. Métodos: foram analisados dados do Estudo da Comercialização de Alimentos em Escolas Brasileiras (CAEB), numa amostra representativa de escolas de Recife, Brasil. Analisamos 131 comércios informais no entorno das escolas segundo a categoria administrativa escolar. Resultados: A maioria dos informais concentrava-se no quarteirão da escola sob estrutura de barraca (41,2%), carrinho (24,4%) e caixa de isopor (11,5%). Para 90,8% essa atividade representava a principal fonte de renda atuando unicamente no entorno escolar. Majoritariamente autodeclarados pretos ou pardos (71,7%), 43,5% apontaram o desemprego como principal motivo para informalidade. Parte relatou ação de impedimento por fiscais municipais (21,4%) e proibição de produtos por sugestão da direção da escola, mais frequente no entorno das escolas públicas (p = 0,000), onde, por lei, não há comércio interno de alimentos. Houve diferença na disponibilidade de produtos predominantes no entorno de escolas públicas em relação às privadas: biscoito ultraprocessado (p = 0,000), bolo ultraprocessado (p = 0,037), bolo (preparação culinária) (p = 0,001), café (p = 0,000), doce à base de frutas ou legumes (p = 0,000), fruta fresca (p = 0,004), guloseimas (p = 0,037), néctar (p = 0,000), pipoca industrializada (p = 0,000), suco natural (p = 0,001) e tapioca sem recheio ultraprocessado (p = 0,008). Além de todos os salgados assados (com e sem recheio ultraprocessado) (p = 0,010), salgados fritos (com e sem recheio ultraprocessado) (p = 0,010) e sanduiches (com e sem recheio ultraprocessado) (p = 0,019). Conclusão: No entorno das públicas houve maior variedade de produtos saudáveis e não saudáveis. Possivelmente o comércio informal apresenta-se como alternativa à proibição do comércio interno. Essa perspectiva deve ser considerada numa possibilidade de regulação do comércio também nas cantinas de escolas privadas. As políticas públicas devem considerar a convivência entre a comunidade escolar e os componentes da economia formal e informal no território onde a escola está inserida.
Palavras chave: escolas brasileiras, comércio informal de alimentos, comercialização de alimentos.