https://doi.org/10.37527/2023.73.S1
1Programa de Pós Graduação em Ciências da Nutrição da Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, Brazil, 2Escola Nacional de Saúde Pública Pública (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rio de Janeiro, Brazil.
Introdução/objetivos: Considerando a importância e o aumento da situação de insegurança alimentar (IA) no país, este trabalho visou descrever o consumo alimentar de acordo com a IA de idosos brasileiros. Métodos: Estudo transversal utilizando dados nacionais da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) realizada entre 2017 e 2018, com 3.215 indivíduos de 60 anos de idade ou mais. A IA foi mensurada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). O consumo alimentar foi obtido por meio de dois recordatórios de 24h em dias não consecutivos. Foram formados 21 grupos alimentares e estimado o consumo médio per capita e seus respectivos intervalos de confiança de acordo com a situação de IA. A análise estatística foi feita no software SAS considerando os fatores de expansão e a complexidade da amostra. Resultados: A maioria eram do sexo feminino (58,6%) e tinham entre 60-69 anos (56%). Estimou-se uma prevalência de IA em 32% dos domicílios, sendo 22% IA leve, 6,5% IA moderada e 3,5% IA grave. O consumo médio per capita de frutas, hortaliças e leite foi duas, 2,5 e três vezes maior entre os idosos residentes em domicílios com segurança alimentar (SA) em comparação àqueles residentes em domicílios com IA grave. O consumo médio per capita de arroz, feijão e refrigerantes não foi estatisticamente diferente entre os níveis de segurança e IA. Observou-se um consumo médio per capita de frutas, hortaliças e lanches salgados menor entre idosos de domicílios com IA grave quando comparados àqueles com situação de SA. Em contrapartida, o consumo médio per capita de pães, peixes e embutidos foi maior entre idosos de domicílios de IA grave em comparação àqueles em situação de SA. Conclusão: Foram identificados os grupos de alimentos que caracterizaram a alimentação inadequada de idosos brasileiros com algum grau de IA: menor consumo de frutas e hortaliças e maior consumo de pães e embutidos. Políticas públicas que permitam o acesso a frutas e hortaliças entre idosos com IA podem melhorar alimentação deste grupo.
Palavras-chave: consumo alimentar, insegurança alimentar, idosos brasileiros.