https://doi.org/10.37527/2021.71.S1
1Faculdade de Medicina de Ribeirao Preto-USP/FMRP-USP, Ribeirão Preto, Brasil, 2Faculdade de Medicina de Ribeirao Preto-USP/FMRP-USP, Ribeirão Preto, Brasil
Antecedentes e objetivo. A população idosa aumenta a cada ano, o que implica em número crescente de idosos que requerem nutrição enteral domiciliar como forma exclusiva ou suplementar de aporte nutricional. Objetivo. Descrever e comparar o estado nutricional e as características da nutrição enteral domiciliar em pacientes idosos com doenças neurológicas e oncológicas.
Métodos. Em serviço especializado de hospital terciário, foram selecionados 30 indivíduos com idade acima de 60 anos que recebiam a nutrição enteral domiciliar por período superior a 6 meses. Os pacientes tinham 72±8 anos, 63,3% eram homens, 53,3% eram casados e 90% eram aposentados. De acordo com a doença de base, os pacientes foram classificados em Subgrupo Neurológico (n=18) e Subgrupo Oncológico (n=12). Foram documentados o IMC, os dados laboratoriais (hemoglobina, proteínas totais, albumina, transferrina, ferro sérico, ferritina, vitaminas A, E, B12 e ácido fólico), o tipo de dieta prescrita (industrializada ou semi-artesanal), a oferta energética e proteica, a via de acesso (sonda transnasal ou gastrostomia) e a duração da nutrição enteral domiciliar.
Resultados. Não houve diferença estatística no IMC (20,8±4,2 vs. 20,9±4,4 kg/m2, p=0,983) entre o Subgrupo Neurológico e Oncológico, respectivamente. O Subgrupo Oncológico apresentou maior porcentagem de sujeitos com IMC menor que 20,5 kg/m2 (22,2 vs. 41,7%, p=0,025). Os dados laboratoriais foram semelhantes entre os subgrupos. No Subgrupo Neurológico, os pacientes recebiam tanto a dieta enteral industrializada (44,4%) como a semi-artesanal (55,6%), enquanto que no Subgrupo Oncológico houve predomínio da dieta enteral industrializada (83,3%). Não houve diferença estatística na oferta energética (31,5±7,2 vs 32,3±7,9 kcal/kg/dia, p=0,788) e na proteica (1,28±0,29 vs 1,30±0,31 g/kg/dia, p=0,892) no Subgrupo Neurológico e Oncológico, respectivamente. Houve predomínio da sonda transnasal como via de infusão da dieta em ambos os subgrupos (61,1 vs 91,7%), sendo a grastrostomia mais comum nos pacientes neurológicos, assim como a duração da nutrição enteral domiciliar foi maior nestes pacientes (36,2±32,3 vs. 14,2±8,3 meses, p=0,029).
Conclusões. Pacientes idosos acompanhados em serviço especializado em nutrição enteral domiciliar recebem oferta nutricional adequada que resulta em parâmetros clínicos e nutricionais aceitáveis, exceto pelo baixo IMC, mais frequente nos pacientes oncológicos.
Palavras clave: idosos, nutrição enteral, doenças oncológicas, doenças neurológicas