1 Universidade Federal Fluminense, Brasil.
O presente trabalho visa analisar tendências do nível de atividade física ocupacional (Nafo) e do estado nutricional (EN) de adultos nas últimas décadas, utilizando informações coletadas nos inquéritos nacionais: ENDEF, (1974-1975), PNSN (1989) e POF (2008-2009). Os dados analisados correspondem à ocupação principal declarada de adultos (>= 20 anos), excluídas gestantes e lactantes, totalizando 72.988, 20.672 e 92.876 pessoas nos 3 inquéritos, respectivamente. A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) foi usada para codificar as ocupações e categorizá-las em três níveis de Nafo: leve, moderado e pesado. O EN foi estabelecido a partir do índice de massa corporal (IMC), cálculo da massa corporal dividido pelo quadrado da estatura: baixo peso - BP (< 18,5), adequado (18,5 ≤ IMC < 25) e sobrepeso - SP (≥ 25kg/m2). Todas as estimativas foram obtidas com fatores de expansão próprios de cada pesquisa e calculadas utilizando o sistema SAS. Os dados apontam aumento na população ocupada ao longo dos anos (61,1; 65,4 e 68,4%). A maior frequência de Nafo variou de moderado na década de 70 e 80 (48,2% na ENDEF e 48,6% na PNSN) para leve no final dos anos 2000 (52,2% na POF), principalmente entre as mulheres. Houve redução do baixo peso (9,8%; 5,3% e 2,3%) e considerável aumento no sobrepeso (22,6%; 34,7% e 48,2%) em ambos os sexos. A prevalência de SP variou de 27,6% para 49,7% no Nafo leve e de 12,7% para 43,3% no pesado, de 1975 para 2009. Houve aumento do SP e redução do BP em todas as categorias de Nafo na população brasileira ocupada nas últimas 4 décadas. Com as devidas limitações deste estudo (estimativa de atividade física pela informação da ocupação, não consideração do nível tecnológico dos processos de trabalho) pode-se concluir que os segmentos da classe trabalhadora nacional apresentam, em sua maioria, balanço energético positivo.