Póster

PO321. INSEGURANÇA ALIMENTAR, SOBREPESO E ACESSO A PROGRAMAS DE COMBATE A FOME EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO SUL DO BRASIL

Marilda Neutzling1, Fernanda Bairros2, Daniela Knauth1, José Francisco da Silva1, Tony Josimar da Silva1, Claudia Barros1, Gabielle Gumarães1, Pauline Pacheco1, Silvia Pauli1, Michele Drehmer1

1 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia-UFRGS, Brasil, 2 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UNISINOS, Brasil.

Comunidades quilombolas vivem, geralmente, em situações de isolamento geográfico e desigualdades sociais e de saúde. O objetivo do presente estudo foi identificar as prevalências de insegurança alimentar, sobrepeso e acesso a programas de combate a fome nessas populações. Em 2014/15 foi realizado estudo de cluster não-randomizado intitulado “Educação Alimentar em comunidades quilombolas do sul do Brasil: Resgate da cultura alimentar, promoção da alimentação saudável e do direito humano a alimentação”, desenvolvido em quatro comunidades quilombolas (Algodão, Passo do Lorenço, Serrinha do Cristal e Nova Palma). O presente trabalho refere-se a achados da linha de base do estudo, incluindo variáveis sócio demográficas (sexo, renda, escolaridade), antropométricas (peso, altura), de insegurança alimentar e de acesso aos programas de combate à fome do governo brasileiro (bolsa família e programa de aquisição de alimentos-PAA). O sobrepeso foi definido como IMC >= a 25Kg/m2 e a insegurança alimentar moderada e grave, segundo escala brasileira de insegurança alimentar (EBIA). Foram entrevistados 178 responsáveis pelos domicílios. Grande parte (69,7%), era do sexo feminino, de cor preta (62.4%), tinha de zero a quatro anos de escolaridade (88,8%) e 18% relatou renda per capita mensal inferior a R$77,00 (< $ 30,00). Um total de 66,9% indivíduos apresentava sobrepeso. A insegurança alimentar moderada e grave esteve presente em 69,7% dos domicílios. Nenhuma família participava do Programa de Aquisição de Alimentos e 28.1% nunca tinha ouvido falar do PAA. Aproximadamente 58.2% das famílias participava do programa bolsa família. Constatou-se grande vulnerabilidade social. As prevalências de sobrepeso e insegurança alimentar observadas, foram bem maiores que aquelas encontradas na literatura. As famílias quilombolas, prioritárias aos programas governamentais de combate à fome, estão tendo acesso limitado a essas políticas públicas. Medidas que promovam a exigibilidade ao Direito Humano a Alimentação Adequada e o acesso a uma alimentação saudável são urgentes e necessárias.